Itália ou o gostinho pela dor...dos outros


O futebol italiano está lixado. Nunca gozou de boa fama em sítio nenhum e os adjectivos para o classificar são dos piores. Ou porque é demasiado defensivo- o 5-3-2 dá essa imagem- ou porque é demasiado duro, ou porque é demasiado feio. O catennaccio é, dos sistemas, o mais odiado.
Vendo bem a selecção italiana no mundial, as coisas não são bem assim. A Squadra Azzurra apostou na solidez defensiva para vencer os jogos. Quando ataca, fa-lo pela certa e é mortífera quando tem uma oportunidade de golo. Que mal é que isso tem? Ora o mal está em que o adversário, que ataca que se farta (quase sempre mal, já que não marca golos) e a Itália quando vai lá acim, marca. E quando resolve marcar, fá-lo com um golo de penalty quase no final da partida, ou com um golo em fora-de-jogo ou com um auto-golo.
Eu acho que a condição sine quo non para ser incluído na convocatória de Lippi era a de possuir dotes de bom matador (de animais). Digo isto porque parece haver nos jogadores um gostinho especial para a matança. Eles vão levando com os ataques dos adversários, vão dando esperanças ao outro que, continuando a atacar que nem um louco, o golo acabará por ser uma invitabilidade futebolísitica, vão vendo as bolas baterem nos seus ferros, ou o Buffon a brilhar, a coisa chega lá para os últimos minutos (nalguns casos chega a ser já para além da hora) e é neste momento que a Itália resolve acabar com as esperanças, com os ataques loucos do adversário, dando a estocada final. Confesso que é algo que dói mas que tem o se quê de beleza.
Parece uma toirada em que o touro, enraivecido, pensa que pode derrubar o homem vestido de vermelho. Mas quando o coitado está cansado e só quer ir para o estábulo, lá aparece o desgraçado a dar uma estocada nas suas pretensões. É um bocado assim a Itália.
Não joga bonito, não joga feio, joga o suficiente para o resultado. Joga em equipa. Não interessa quem marca. Quem joga. Interessa é que a equipa vença. E tem vencido todos os jogos (a ecepção do empate com os EUA).
No futebol moderno, primeiro está o resultado, depois é que se pensa na exibição. Poucos conseguem aliar a exibição ao resultado. É essa a tendência do futebol actual.

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