Integridade

"Garden", de Maggie Taylor

O senhor Paulo Bento continua a demonstrar porque razão é um dos actuais Grandes senhores do futebol português: enquanto alguns começaram já o rápido e penoso processo de transformação em avestruz, escondendo convenientemente a cabeça nas epiderme da terra, o mister lagartino reafirma publicamente a força das suas ideias: na selecção portuguesa, devem jogar portugueses e ponto final.

Mesmo que o novo candidato a portugueissh seja levezinho a decidir jogos e títulos na equipa treinada pelo mister Bento.

5 comentários:

Silvares disse...

Estou 100% de acordo com o Paulo Bento, na selecção de Portugal só devem jogar portugueses. Cidadãos portugueses, está bom de ver. Portadores de passaporte português, para fazer um desenho, caso seja difícil para alguém perceber o que é ser português. Isto inclui muita gente que, se calhar, o Paulo Bento imagina estar a excluir quando reafirma a sua convicção. O Liedson, dentro de algum tempo, terá o dito passaporte e não é o sotaque que fará dele menos português. É por merdices como esta que, por exemplo, a grande pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, quando faleceu, era... francesa. Ou então será também um pouco devido a esta mentalidade pequenina que a Paula Rego é considerada a maior pintora... inglesa da actualidade. Ou, para não me alongar em casos notáveis, terá sido por falta de vistas largas cá no burgo que o Fernão de Magalhães, quando cincum-navegou o planeta era... espanhol!!! Já agora, talvez pudessem ter baptizado o computador português com o nome de um português. Não achas Paulo Bento?

Gp disse...

Caro Silvares,

convenhamos que comparar a Paula Rego ou a Maria Helena Vieira da Silva ao Liedson é, no mínimo, arriscado...

...Ambas nascidas em Lisboa, têm certamente muito mais de Portugal em si do que o goleador lagartino, ou não?

Viva o multiculturalismo e a igualdade de direitos, sem dúvida! Mas o Paulo Bento, ao menos, é coerente.

Os que escondem a cabeça na areia fazem-no porque as suas opiniões vão oscilando conforme o vento.

Silvares disse...

Permito-me notar que vivemos num estado de Direito e são os direitos e garantias consagrados na Constituição da República que norteiam a nossa sociedade.
O futebol, por muito que a FIFA e a UEFA pretendam o contrário, não constitui, por si só, um mundo à parte. O futebol é uma actividade (cada vez menos desportiva e cada vez mais económica) que se enquadra nas regras gerais e, como tal, a elas deve obedecer. Nesta perspectiva não há discussão possível. Um cidadão é igual perante a lei, independentemente do local de nascimento. As convicções individuais não se sobrepõem às regras democráticas. É só isso e é muito simples.
Quanto às avestruzes... enfim, são uma espécie animal. Até já se comercializa a sua carne para consumo humano!

Gp disse...

É evidente tudo o que refere, com excepção de um pormenor: não são apenas as regras democráticas que estão em jogo. Afinal de contas, cabe a um homem decidir, de forma sempre subjectiva, quem irá ou não vestir a camisola da selecção nacional.

E outro pormenor, que o Silvares parece não querer ver: qual é a motivação do Liedson para se naturalizar português? Será o amor a Portugal? Os benefícios financeiros? Ou a vontade em jogar nas competições de selecções, e com isso aumentar a sua exposição?

Se olharmos para a realidade com olhos puramente objectivos, é evidente que as avestruzes são uma espécie animal e que o Liedson será tão português como eu ou você. Mas estaremos a olhar apenas para um grande plano, que esconde tudo o que está por detrás dessa imagem.

E com isto não questiono os direitos constitucionais, a liberdade ou a democracia, nos quais acredito. Apenas penso na convicção das pessoas - e no quão escassa parece ser hoje em dia.

Silvares disse...

Falando em convicções que dizer da convicção de certos portugueses de gema que representam a Selecção Nacional e nas vésperas dos jogos se dedicam a folguedos pouco recomendáveis (como aconteceu antes daquele célebre jogo na Polónia que levou o Costinha e o Maniche a ficarem de molho). Acho que não vale a pena ir por aí, as convicções dos jogadores de futebol raramente vão mais longe que a biqueira das botas.

Na verdade estou pouco preocupado com o Liedson na Selecção (ou não), acredito também que a convicção dele em termos de Selecção portuguesa será interesseira. Mas, veja bem, o Liedson já tem mais de 30 anos. Chega é tarde e a más horas.